Não tenho mais palavras . Gastei-as a negar-te . ( Só a negar-te eu pude comabter o terror de te ver em toda a parte ) . Fosse qual fosse o chão da caminhada , era certa a meu lado a divina presença impertinente do teu vulto calado e paciente . Eu lutei como luta uma solitária , quando alguem lhe perturba a solidão . Fechada num ouriço de recusas , soltei a voz , arma que tu não usas . Sempre silenciosa na agressão . Mas o tempo moeu na sua mó o joio amargo de que te dizia . Agora somos dois obstinados , mudos e malogrados , que vão apenas a par na teimosia .
Miguel torga , O desfecho
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