Que hei-de contar-te , Pequenina , para que te divirtas ? É noite , e estou alegre , sozinho , na minha cama , na minha casa , que é como uma torre cheia de grades onde miro a noite cheia de estrelas. Não me sinto cansado da viagem , apesar de não ter sido tão acidentada . Á meia-noite esconderam-me debaixo de um catre , aí estive cinco horas a gelar . Depois de um carro de terceira . Nada de prispesco. Mas , por fim , cheguei . Vageui toda a tarde por estas ruas que tanto tenho visto. Andei pelos corredores e trouxe grandes ramos de violetas que , dão tão belas , só para ti . Que alegria ver este prado verde , e sentir-me eu , eu próprio , livre de tanta tolice , ágil e só. Ah! Se aqui estivesses ... Se estivesses agora , ao pé deste braseiro que me aquece , se estivesses com os teus belos olhos tristes , com o teu silêncio que tanto amo , com a tua boca que precisa dos meus beijos . Vem , Pequenina ! Ou, pelo menos , pensa em mim .
in Pablo Neruda , Cartas de Amor
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